22 de outubro de 2011

A ópera Os Gondoleiros

Daqui a pouco mais de um mês o NUO estréia a ópera cômica Os Gondoleiros de Gilbert e Sullivan. Esta já é a nona ópera da dupla que o NUO produz e, como de costume, fico surpreendido com a qualidade da música de Sullivan e do texto de Gilbert. Para Sullivan foi um prato cheio poder colocar música numa história que se ambienta na Itália e na Espanha. O compositor não deixou de aproveitar a oportunidade de juntar numa única obra a influência das músicas regionais de ambos os países, o que dá à obra um charme todo especial.


O libreto de Gilbert, como sempre de grande originalidade, nos oferece uma série de metáforas deliciosas. Em primeiro lugar existem duas óperas dentro de Os Gondoleiros: uma, acontece em Veneza e conta a história de dois gondoleiros irmãos, que são cobiçados pelas donzelas camponesas. Ambos acabam escolhendo,dentre todas elas, as noivas com quem se casam: Marco escolhe Gianetta, Giuseppe escolhe Tessa. Por intermédio do Inquisidor-Mór Don Alhambra Del Bolero eles ficam sabendo que um dos dois é o filho perdido do recentemente morto rei do reino de Barataria. Como não é possível saber qual dos dois é o rei, Don Alhambra propõe que ambos reinem conjuntamente, como se fossem uma única pessoa...mas, para isso, eles devem deixar suas noivas de lado, pelo menos por um tempo. 


A segunda história, que acontece paralelamente, mostra a chegada em Veneza de uma nobre família espanhola. O Duque de Plaza Toro, a duquesa e sua filha Casilda. A família é sempre acompanhada pelo seu fiel criado, Luiz (que  tem um romance secreto com Casilda). Ao chegar em Veneza o Duque conta finalmente um segredo que ficou guardado por 15 anos: Casilda fora prometida ao filho do Rei de Barataria quando tinha alguns meses de idade. Com a morte  do Rei, o Duque, com sérias dificuldades financeiras, foi a Veneza a procura de Don Alhambra para reivindicar o contrato que coloca Casilda como a Rainha de Barataria. A família fica sabendo que um dos irmãos gondoleiros é o jovem Rei, mas não se sabem qual. A única pessoa capaz de responder a essa pergunta é a velha Inês, babá das crianças. O segundo ato aproxima esses personagens e responde à pergunta: quem é o novo rei de Barataria?

Ao analisarmos a obra percebemos que nela tudo é duplo: duas histórias, dois irmãos que formam dois casais, dois paises como cenário e, consequentemente, dois estilos musicais.

A metáfora mais interessante apontada por aqueles que estudam as obras de Gilbert & Sullivan está na união de dois irmãos que reinam como um só unidos por um "administrador", ou seja , Gilbert (Marco) e Giuseppe (Sullivan), unidos pelo empresário Richard D'Oyle Carte. Não foi a toa que decidimos encenar Os Gondoleiros com bonecos: os atores e seus duplos estarão a postos para contarem essa história de uma maneira criativa e ainda mais engraçada!

três vivas aos reis!!!

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