7 de março de 2011

Martha Graham e o ciclo grego


Já não é de hoje que nós do NUO usamos a técnica de Martha Graham como um forte referencial para a nossa preparação corporal. A técnica que ela criou é talvez a única que, no ocidente, seja codificada além do ballet, mas a nossa opção pelo seu trabalho vai além de buscarmos novos movimentos apoiados numa técnica. Martha Graham foi de uma coerência impressionante na busca de meios para expressar o que vai na alma. A movimentação proposta pela sua técnica está pautada em ações físicas que nos mostram de forma clara o que está motivando aquela ação - as dores físicas e emocionais, os dramas psicológicos, a fé, a alegria ou o êxtase. Os movimentos dos seus dançarinos trazem à tona esses e outros tipos de emoções e sentimentos e vão além: eliciam no espectador experiências semelhantes, numa conexão impressionante entre platéia e coreografia.  Não é difícil supormos por que os meios acadêmico e artístico, especialmente nos Estados Unidos, ainda investigam os trabalhos e ideias  de Martha Graham e reverenciam a sua genialidade. Obviamente há críticas que, inclusive, motivaram novas perspectivas para a Dança, especialmente na busca de superar o que muitos consideram excesso de narrativa e de expressão emocional e uma busca constante (e segundo os críticos talvez desnecessária) de significação para os movimentos. No entanto, o trabalho de Graham permanece como um referencial forte e claro para uma preparação técnica consistente e, além disso, o seu pioneirismo e coerência não podem ser negados. Dentre as suas coreografias vale destacar aquelas que formam o chamado Ciclo Grego, compostas com base nas tragédias gregas nas quais Martha buscou elementos para desnudar os arquétipos que influenciam a alma humana no ocidente. No momento em que nos propusemos a encenar Prometheu de Gabriel Fauré  pareceu-nos interessante recorrermos à técnica de Graham e ao estudo das coreografias que compuseram esse ciclo como referenciais para a nossa construção estética.Estamos trabalhando duro, mas com muita alegria e com aquele gosto gostoso de descoberta que, temos certeza, convidará o público a se emocionar conosco na nossa temporada!

Trechos da coreografia Clytemnestra (1958), de Martha Graham, dançada pela Martha Graham Dance Company  

Um comentário:

  1. Wow! Parabéns pelo trabalho :D . Não apenas a parte da movimentação, mas também a da respiração, que é crítica na técnica de Graham, é um elemento que traz um diferencial gigantesco para trabalhos dramáticos e vocalizados.

    A respeito da primeira foto, da coreografia "A Caverna do Coração" (música de Samuel Barber), a bailarina fotografada no papel de Medéia é Yuriko, viva até os dias de hoje. Seguem aqui dois links da coreografia, para quem se interessar ^^ :

    http://www.youtube.com/watch?v=rtoALLAyMsA

    http://www.youtube.com/watch?v=Y84PJs5LkhY

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