20 de julho de 2009

Disraeli, Primeiro-Ministro & Amigo da Rainha Victoria,

"(...) obra do mestre francês das biografias André Maurois (1885-1967), acaba de ganhar magnífica e fluida tradução de Gleuber Vieira para o português (Nova Fronteira; 249 páginas; 49,90 reais). Por que ler sobre a vida de um aristocrata inglês do século XIX quando parece se desmanchar no ar em profunda crise de identidade o sólido mundo que ele e sua turma ajudaram a criar? (...) São múltiplas as razões. (...) A vida de Benjamin Disraeli, bem estudada, pode fornecer os fundamentos arquitetônicos de um sistema político que, malgrado seus vícios, funciona, se transforma, progride e visa ao bem-estar da maioria. (...) Disraeli foi duas vezes primeiro-ministro da Inglaterra e dominou, em alternância com seu gentil rival, William Gladstone, a política da potência hegemônica do século XIX. Que rival. Um dos achados de Gladstone foi simplesmente a criação, em 1862, do mundo empresarial contemporâneo com a definição do conceito de sociedade de responsabilidade limitada. Devemos ao Act of 62 de Gladstone a existência da empresa privada, organização cujos acionistas, caso o negócio naufrague, perdem apenas o que investiram. Mas, antes de 1862, o acionista podia perder todo o seu patrimônio pessoal e familiar e até a própria liberdade. Que potência. Sabia rir de si mesma. O Act of 62 foi levado ao absurdo na opereta Utopia Limitada ou As Flores do Progresso, da dupla dominante dos palcos do período, Arthur Sullivan e William Gilbert. Eles fazem piadas do imperialismo inglês imaginando sua chegada a uma feliz ilhota no Pacífico chamada Utopia ("O que temos a ganhar? Instituições inglesas, gostos ingleses e, oh, moda inglesa!")". Publicado na Revista VEJA, Edição 21153, de junho de 2009.

Imagem do cartaz original da primeira montagem de Utopia Limited, que estreou em Londres no ano de 1893.

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